46.
JUNTO AO FOGO
Decidiu abandonar as mulheres e, por longo tempo, de facto, viveu só. Passeava, olhava as árvores e frequentava o café sem voltar o rosto para qualquer mulher bela.
Mas um dia, uma jovem colocou-se ao seu lado e disse-lhe que o amava. Durante muitos dias o homem recusou-a, até que a mulher deixou de vir ao café, desaparecendo sabe-se lá para onde.
Só agora, aquele tal, foi sacudido por tão grande amor que percorreu, a pé, toda a cidade, até que parou a conversar com uma daquelas mulheres que vive junto às fogueiras, na periferia E nem reparou que era a mesma rapariga que o amava.
Tonino Guerra, Histórias para uma Noite de Calmaria, Assírio & Alvim, 2002 (tradução de Mário Rui de Oliveira)
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