De mim para mim, digo que deveria ser inscrito em todas as constituições do mundo o direito imprescritível de cada um a regressar quando bem entendesse aos lugares maiores do seu passado. Confiar a cada qual um molho de chaves dando acesso a todos os apartamentos, vivendas e pequenos jardins nos quais se desenrolou a sua infância, e permitindo-lhe ficar horas inteiras nesses palácios de Inverno da memória. Nunca os novos proprietários poderiam levantar obstáculos a estes peregrinos do tempo. Acredito intensamente nisto, e, se um dia tivesse de retomar a minha intervenção política, digo para comigo que tal seria o ponto único do meu programa, a minha única promessa de campanha.
Eric Faye, Nagasáqui, Gradiva, 2011 (tradução de Miguel Serras Pereira)
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