Imagino o homem sublime, superando a masculinidade. Sofisticando os traços do corpo pelo frio, química invernosa que produz pintura. Imagem extrema da leveza e da rapidez, pisando a rua com a altivez da singularidade. Um sobre todos, o género impossível a ofuscar todos os exemplares de homem que se cruzam na mesma cidade. Uma cidade possuída por olhos fotográficos, com passeios sem contornos de outros pés. Ligeiros, reinventam a calçada de uma nação conquistadora que a geografia plantou à beira do mar imenso, com o único propósito de o diminuir. Homem-cidade? Homem-conquista? Homem silencioso atravessando quadros que se definem à passagem da mágoa, tombada sobre o equilíbrio de um corpo esguio. Até parece alto, à visão alta dos telhados estendidos sobre um rio que lhe pede: mergulha, mergulha.... O homem não mergulha nunca, há muitos arcos para atravessar. Antes da definição que carrega como uma cruz. Homem crucificado, lembra Cristo, lembra-se de si, olha o sangue e só encontra as chagas. Debruça-se sobre tudo. Quando a noite é noite, ele é a única imagem de homem. Único homem, conceito sensível que não se sabe contar.

2004

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