BRAVATA BICOLOR

Eu tenho para mim que os dias
do homem estão contados
por um analfabeto. Mas ao pé
de ti nada me tira a certeza
de que o engano será sempre
a nosso favor. Talvez por isso,

saio para a rua desarmado,
enfio confiante a mão na caixa
do correio, desacato camiões
de fumo crítico e prossigo,
chego a horas onde quero.

Os maus pressentimentos,
não faço, simplesmente,
caso eles. Sei que tenho
em ti um amuleto poderoso.
E se a morte, quando passo,
me diz "Viva!", nem respondo. 

José Miguel Silva, in Serém, 24 de Março , Averno, 2011

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