OS AMANTES

Os que se amaram devem ficar cegos.
Para que os seus gestos sejam sem sentido.
Para que os seus barcos girem sem graça nem proveito.
Como as tempestades...
cegos.

Cegos como as bandeiras depois da vitória
ou como as espadas que estão sempre nuas e gloriosas.

Que rancor pelos cegos
e pelas tempestades.
E pelos que acreditam que o amor é fartura.
Ouvi-o bem: O amor é a fome.

Carmelina Soto, in Um País que Sonha. Cem anos de poesia colombiana (1865-965), Assírio & Alvim, 2012 (selecção de Lauren Mendinueta e tradução de Nuno Júdice)

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