(...)
O havermo-nos encontrado aqui na horrível sala dos passos perdidos
é que levarei mil anos a decifrar
o teu cabelo mapa onde tudo reflecte a ronda luminosa dos meus
dedos
é o santo e a senha do percurso na sombra
o gesto com que voltas de repente a cabeça interrompendo o fio da
meada sem que é engraçado hajam batido à porta entrado
ou saído alguém
são os astros o sangue e os jardins de Brauner
e a tua mão posta em arco sobre a minha boca
é uma nova rosácea sobre o mar
(..)
Mário Cesariny, "Corpo Visível", in Pena Capital, Assírio e Alvim, 1999
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