Os milagres são de uma natureza avessa à repetição. De beleza insuperável, são igualmente de uma inutilidade escandalosa.  Não mudam nada. Não previnem a solidão. Não alimentam o espírito. Não sabem explicar-se. E no entanto, permanecem chama na memória dos crentes. Raramente, a memória inscreve-se na pele e a esses chamam-lhes estigmatizados.
Impõe-se, depois dos milagres, uma certa discrição. Palavras comedidas e codificadas, entre espiões que sabem a verdade. Espiões místicos, com tanto de deslumbramento como de lógica - precisam sobreviver.
Entre eles, os gestos são contidos. Há uma cerimónia dos corpos que presta homenagem ao fogo que foram.  Excepto quando os escombros são horrendos e neles se encontram queimados gritando. Nesse caso, a homenagem é o silêncio. 

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