Coimbra, 28 de Fevereiro de 1969

Que insondável mistério é um ser humano! Quanto mais vivo e convivo - a observar homens sãos e doentes- mais se arreiga no meu espírito a convicção de que nunca consegui conhecer nenhum. O que dizemos e o que fazemos pouco ou nada revelam de nós. Por mim falo. Converso, escrevo páginas maciças de confusão, actuo, pareço transparente. E quem um dia quiser saber o que fui, terá de me adivinhar....

Miguel Torga, in Diário, vols IX a XII, Publicações D. Quixote, 2011

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