(...)
Em certos casos, as minhas palavras poderiam atravessar os teus lábios, entrar devagar na tua existência; não o que dizem, mas sim as palavras elas mesmas, sua exalação quente como o amor.

Estou a falar de expressão, não dos gritos com que ocultais a nudez. Debaixo das arcadas estalam signos de impudor: ama-me, dizeis ao transeunte, ama-me antes da morte. E entendei-vos com esta usura.

De outra maneira, noutra língua, eu te respiro sem encontrar-te.  És incerta e essa é a tua plenitude.

Assim é a idade, assim é a forma do meu tempo.

Antonio Gamoneda, in Descrição da Mentira, Quasi 2003 , or 1977 (tradução de Vasco Gato)

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