O espaço ocupa-se de baixas temperaturas. É assim que se explicam as mãos geladas deste lugar. Podia ter escrito um manual de normas ou uma carta de intenções sobre tão complexo processo. Mas a esta mudança, do cheio para o vazio, apenas um princípio bastou:
Cuspiu sobre a madeira, ela não protestou.
Pegou nos jarros de vidro e atirou-os ao chão. Das flores, nem uma lágrima.
Espalhou dedos sujos sobre os vidros entre as molduras, permaneceram transparentes.
Pegou nas cartas que lhe haviam escrito, amachucou-as. As palavras torceram-se, quase ficaram ilegíveis. Depois rasgou as folhas em pequenos pedaços. E as caligrafias deixaram de se distinguir.
Os móveis, os sapatos, a roupa, os quadros amontoou-os à porta. A um canto, guardou os papéis e sobre eles pousou um livro. Apesar do frio, alguma coisa ali conservava um nome sensível. Fechou a porta, com convicção. Tinha tudo o que precisava para viver.
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